inocente, puro e besta.

sexta-feira, junho 27

aleatóriamente confuso

mão amiga, braço forte
amigo forte, fraterno irmão
braço e mão me envolvem amigos
linhas secas me levam ao chão.
pranto natural à vontade empírica
pira que me leva a mão.
dedo sem um dedo, madeira e metal. é tudo tão fosco, mas é normal.

amaldiçoo a opacidade das coisas

roube-me

com brincadeiras sujas me divirto
com trabalho pesado me alimento
com empregos inúteis me maltrato
em camas velhas te conheço
mas é em colchões negros que dou meu melhor sorriso, demonstro minha satisfação e peço pra que me perdoe, por querer tanto que não se assuste,
não morra nem ande
só me tenha; me contenha e me tome: o medo de querer tanto.


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segunda-feira, junho 16

caminho

meu travesseiro é meu amigo nessa noite fria e sem sentido quando a lua me diz que só os que amam são felizes.
imersa em clichês sem fim, assumo um compromisso
o de me comprometer.
o travesseiro me hostiliza dizendo que não sou ninguém, a noite me engana falando que lá vem você, a lua me diz que não sei amar e na minha profunda e arrogante falta de ignorância não sei andar e assim nunca saberei ser feliz.
falo sozinha gritando que sou mulher
mostro aos outros que sou uma dama, com alma de cabron
dizem-me que sou forte e só eu posso fazer isso
mas a verdade, e o já óbvio, é que sou moleque, querendo dar uma de adulto sem dizer que não consigo
com medo que descubram
que olho pra ti.

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quarta-feira, junho 11

história das coisas

ligo a tv, as notícias passam rápido
logo vem a propaganda.
meu filho me convence a comprar outra tv.
vou trabalhar sem me ver.
compro o que me pediram e
levo também o que não precisava, aproveitei a viajem,
não posso perder tempo. ligo a tv,
as loiras choram, os carros fumam.
meu filho me pede um amigo novo, fico feliz por ele confiar em mim.
vou trabalhar sem carro.
fico feliz por falar sem sorrir.
meu filho me pede um abraço, fico triste por chegar a este ponto.
eu não pedia tv's ou carros aos meus pais
ou por atenção e abraços
eles me viam e podiam me escutar.
eles tinham mais tv's.

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quarta-feira, junho 4

s.f., sagas

por que preciso disso?
o que mais me motiva é a dor
o ódio também me motiva bastante.
por que não consigo trabalhar por amor, compaixão, satisfação pessoal talvez?
mas não, é por ódio que faço minhas melhores obras, é com ele que me inspiro;
a gana de não me comparar me motiva, me desperta; e assim me comparo.
é meu olho que por vezes é sagas para perceber e por ele jorra ódio, jorra dor.